segunda-feira, 22 de março de 2010

INDIGNAÇÃO



LIVRO “INDIGNAÇÃO”
ROTH, Philip. Indignação, São Paulo : Companhia das Letras, 2008, 170 p.

RESENHA DA OBRA

O romance conta o drama de Marcus Messner, soldado ferido na Guerra da Coreia e que narra sua história sob o efeito da morfina, num estado de semiconsciência infernal. Isso lembra um pouco o excelente “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Marcus nasceu em Newark, filho único dum açougueiro kosher, e até seus dezoito anos trabalhava com o pai, uma figura super-protetora e de poucos diálogos, que temia que algo ruim pudesse acontecer ao filho. E para escapar dessa proteção demasiada, vai o protagonista estudar na universidade de Winesburg. Embora esperasse encontrar a paz, ele vê os obstáculos crescerem cada vez mais, pois trata-se duma escola tradicional e de formação cristã, e ele é um ateu, embora de pais judeus. Marcus é um bom moço, mas seus colegas de quarto se comportam de maneira deplorável. Tem também o problema das fraternidades que assediam incansavelmente os estudantes, e inclusive uma que busca a minoria de alunos judeus.

Marcus quer mesmo é estudar, motivo pelo qual busca o isolamento dos demais e até trabalha para pagar os estudos. Ele é um aluno deveras exemplar, com as melhores notas, até que se apaixona por uma colega, Olivia Hutton, e seus problemas então crescem assustadoramente. O histórico da moça é terrível, pois já tentou o suicídio e pratica libertinagem sexual com muitos da escola. Marcus, ao descobrir que não é o único que tem a atenção de Olivia, desmorona de vez numa queda vertiginosa.

TRECHO: “Havia doze fraternidades no campus, mas só duas admitiam judeus: uma, bem pequena e composta unicamente de judeus, tinha uns cinquenta membros; a outra era uma fraternidade não sectária ainda menor, fundada lá mesmo por um grupo de estudantes idealistas que aceitavam qualquer pessoa que pudessem agarrar. As outras dez estavam reservadas aos cristãos brancos, um esquema que ninguém imaginaria desafiar num campus que tanto se orgulhava de suas tradições” (p. 24).

CRÍTICA: A trágica historia de Marcus é temperada com bastante ironia, característica central da obra de PHILIP ROTH. Composto por um escritor maduro, que já tem o nome perpetuado na história americana, não sente ele necessidade de agradar e nem preocupação em pisar em ovos. Ele apenas acontece, e ainda assim consegue montar uma história espetacular. Obviamente que o romance está bem aquém da série de romances protagonizada por Nathan Zuckerman, sarcástico quebra-cabeça da sociedade estadunidense. Mas mesmo não sendo o máximo, consegue ficar longe do mínimo mediano do restante das produção literária da atualidade.

4 comentários:

  1. Em Indignação, embora sem o brilho de outras obras, Roth mostra porque é um dos maiores escritores vivos e qual a razão de sua fama internacional. Uma excelente obra. Adorei sua crítica, ela captou a alma do livro. Parabéns.

    Joana Mesquita P. Farinha

    joaninha@...

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  2. Indignação é simplesmente maravilhoso. Chega um ponto que a gente fica sem ar, vontade que o protagonisca consiga sair da asfixia em que se encontra. Parabéms pelo site.

    Pâmela Regina Silva

    regininha_silva@...

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  3. Li indignação e fiquei indignada! Esperava mais do romance, que ele estivesse à altura de outras obras de Roth. Acho que o autor já se esgotou. Acontece.

    Sheila Francinne Santos

    she_franci@...

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  4. Indignação é um romance que toca láno fundo da alma da gente e nos leva a pensar o quanto somos comandados pelas forças do destino.

    Sara Pimentel Assun

    sara.pimentel@...

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